APOSENTADOS VÃO ÀS RUAS EM SÃO PAULO

Aposentados de Osasco carregam a bandeira da sua entidade
De São Paulo (SP) – Não foi na capital, e sim em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, cidade industrial onde estão potências como a Embraer e a General Motors. Cerca de mil manifestantes, a grande maioria aposentados, foram às ruas nesta quinta-feira, dia 12, em luta por suas reivindicações, como a derrubada do veto do presidente Lula ao fim do fator previdenciário, aprovado pelo Congresso Nacional depois de muitas pressões dos aposentados (o fator previdenciário reduz o valor do benefício no cálculo da aposentadoria).



O presidente da União dos Aposentados e Pensionistas de Osasco (UAPO), Otaviano Pereira, deu o tom: “Cada presidente (da República) que entra nos rouba um pouco mais. É por isso que os aposentados que têm vergonha na cara têm que protestar, e os jovens, os aposentados de amanhã, precisam apoiar nossa luta, porque se não na hora que chegar a sua vez, não terão mais nada pra perder”.



Otaviano Pereira
Ele e duas dezenas de oradores se revezaram ao microfone com breves discursos, primeiro no meio dos manifestantes, depois em cima do carro de som, durante as três horas em que a passeata percorreu as ruas da cidade – da sede da Associação Democrática dos Metalúrgicos Aposentados de São José dos Campos (Admap) até a última parada na Praça Afonso Penna, no centro.



Além da derrubada do veto, defenderam outras propostas dos aposentados, como reajuste igual ao do salário mínimo e a reposição das perdas. Propostas e protestos que estiveram presentes nas dezenas de faixas, cartazes e palavras de ordem ao longo da marcha.



Juros da dívida fazem a festa dos banqueiros



O professor Osmar Marchese, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (Universidade de Campinas), ao discursar, esgrimiu números que mostram as distorções dos gastos do governo federal, em prejuízo dos aposentados e em benefício de segmentos privilegiados da sociedade brasileira, como é o caso dos banqueiros: revelou que em 2009 o pagamento aos 23 milhões de aposentados chegou a R$ 189 bilhões; enquanto isso, no mesmo ano, os juros da dívida pública consumiram o dobro, R$ 380 bilhões. Segundo ele, que é professor de Economia, a dívida pública está atualmente em R$ 2,1 trilhões – dívida interna: R$ 1,8 trilhão, mais dívida externa: R$ 300 bilhões.



O mesmo tema foi abordado por Wellington Cabral (foto), secretário-geral do Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e Região, que falou também em nome do PSOL, partido pelo qual é candidato a deputado federal nas eleições 2010. Ele fez referência às dificuldades que seu partido enfrenta na Câmara dos Deputados na tentativa de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a dívida pública do Brasil, visando especialmente se chegar a uma auditoria da dívida, já prevista na Constituição de 1988, mas até hoje “letra morta”. Outro partido político de esquerda, o PSTU, também apoiou a manifestação. Vários dos seus candidatos falaram, inclusive o que disputa a presidência da República, Zé Maria, que fechou a série de pronunciamentos.




Protesto teve caráter nacional



A participação mais significativa, no entanto, foi a das diversas associações dos próprios aposentados de São José dos Campos e de cidades da região, como Catanduva, ABC, Jundiaí, São José do Rio Preto, Campinas, Rio Claro e a já mencionada Osasco. Houve ainda representações de outros estados, como de Volta Redonda/Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte e Minas Gerais, daí o evento ser considerado de caráter nacional. Também porque foi organizado pela Confederação Brasileira de Aposentados (Cobap), por sua federação em São Paulo (Fapesp), pela Admap e pela Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas, conforme informações de Atnágoras Lopes (foto ao lado), da Secretaria Executiva Nacional da central.

Além disso, participaram outras entidades sindicais, populares e estudantis, como os sindicatos dos metalúrgicos da cidade e dos trabalhadores dos Correios. Da área dos movimentos que lutam por moradia, estiveram presentes o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e o Movimento Urbano Sem-Teto (MUST), que atua em São José dos Campos na Ocupação Pinheirinho, onde estão assentadas 1.843 famílias, segundo informou o seu coordenador, Valdir Martins, conhecido como Marron.

A manifestação tinha sido anunciada pela CSP-Conlutas, quando do lançamento de sua campanha de mobilizações para este semestre (matéria neste blog postada na quinta-feira, dia 12). Na próxima quarta-feira, dia 18, uma outra será realizada na Praça da Estação, centro de Belo Horizonte (MG).

Comentários

Anônimo disse…
Não imaginava que tinha tantos movimentos sociais organizados no Brasil. Só um jornalismo independente realmente pode mostrar isso.

Senti falta do contador de visitas, o que aconteceu?