MOVIMENTOS POPULARES DE SÃO PAULO SONHAM COM O JEITO PETISTA DE GOVERNAR

Cerca de mil pessoas lotaram o salão do Clube Trasmontano
De São Paulo (SP) – O encontro dos movimentos populares de São Paulo com o candidato do PT a governador, Aloizio Mercadante, efetivamente, não aconteceu. Mas o salão do Clube Trasmontano, no centro da cidade (proximidades da Praça da Sé), estava lotado na noite de segunda-feira, dia 16. Enquanto esperavam, em torno de mil pessoas participaram de uma animada “plenária” (como terminou sendo chamado o encontro) em prol da campanha petista, com direito a todas as exaltações à candidata presidencial, Dilma Rousseff, e especialmente ao presidente Lula, às vezes mencionado com tinturas até divinas.

Só faltou mesmo Mercadante. Sua chegada ao encontro organizado pela Secretaria Nacional dos Movimentos Populares do PT ia sendo anunciada para breve de tempo em tempo, até que por volta das 21 horas, após duas horas de discursos, foi anunciado que ele não viria – teve que priorizar, contra a vontade (claro!), uma corrida emergencial ao estúdio de gravação do primeiro programa eleitoral gratuito de rádio e TV que iria ao ar no dia seguinte, dia 17, ainda mais que a prioridade estava ligada à participação de Lula no programa.

Edinho Silva, presidente estadual do PT, discursando
O anúncio foi feito por Edinho Silva, presidente estadual do PT, com um discurso vibrante, bem adequado para a delicadeza do momento. Se houve alguma frustração no auditório, ela não foi manifestada. “Somos um time”, disse Edinho sob aplausos, cada um tem que cumprir seu papel e o mais importante, no final, é ganhar o jogo. E para ganhar o jogo – no caso de Mercadante, virar o jogo, já que todo mundo está de olho nas pesquisas, com o principal adversário, Geraldo Alckmin, lá no topo -, conclamou os militantes a formarem comitês populares de campanha em cada área de atuação. Antes, o dirigente petista tinha defendido a tese de que a força do PT sempre foi a mobilização popular, o povo nas ruas, uma tese um tanto ou quanto obsoleta, em termos de Brasil, depois que Lula chegou à presidência.

Mas para São Paulo esta tese ainda parece surtir efeito e os movimentos sociais/populares mostraram no encontro marcado com Mercadante que sonham com o jeito petista de governar. Afinal, são sucessivos governos do PSDB no estado, todo militante sabe que quem governa a repressão policial é o governador e, tirando casos patológicos, ninguém gosta de apanhar. É só lembrar as mais recentes repressões a greves paulistas – policiais civis, professores e servidores da Justiça -, quando ocupava o Palácio dos Bandeirantes o mesmo José Serra que concorre à presidência pelo PSDB, para se perceber a diferença do jeito tucano de governar.

“Não só bater palmas, mas cobrar”

Ernani Coutinho
O anseio de ter um governador paulista do PT pareceu claro nos pronunciamentos das diversas lideranças que falaram no decorrer da “plenária”, durante a qual foi registrada a presença de representantes de dezenas de movimentos/entidades dos mais variados matizes, além de parlamentares e candidatos a deputado. Mesmo no de quem se mostrou mais cauteloso, como Ernani Coutinho, que falou em nome de comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, destacando as dificuldades para a titulação de terras, os problemas ambientais e os surgidos com a construção de barragens. “Não estou aqui só pra bater palmas, mas também pra cobrar”, disse.

Coca Ferraz, candidato a vice-governador
Descontados os arroubos retóricos que parecem imprescindíveis nas campanhas eleitorais – um dos apresentadores afirmou que todas as centrais sindicais apoiavam a chapa liderada pelo PT e chegou-se a anunciar a presença do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), anunciada como “Rosivaldo do MST”, que não discursou porque, na verdade, não estava representando o movimento -, no final tudo acabou bem. O vice de Mercadante, o professor Coca Ferraz, do PDT, fechou a noite com “chave de ouro”, como se diz: anunciou os novos números da pesquisa do Ibope que acabavam de sair, não do candidato a governador rumo à desejada virada, mas de Dilma, distanciando-se cada vez mais de Serra e apontando já para uma possível vitória no primeiro turno – 43 a 32.



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