O CASO DO CANDIDATO DE MARÍLIA. E O QUE VEM POR AÍ

Por Luiz Carlos Azenha, do blog Vi o Mundo (postado nesta quinta, dia 21)

Eu era, então, um jovem repórter de TV. Trabalhava na TV Bauru, uma afiliada da Globo. Participei da cobertura das eleições municipais de 1982. A emissora era a responsável pela cobertura da disputa em um número imenso de municípios de toda a região.

Marília era uma destas cidades. Os principais candidatos eram os do PDS (sucessor da Arena, que deu sustentação ao regime militar) e do MDB.

O chefe de reportagem era Luís Malavolta, de quem fui colega posteriormente na Globo de São Paulo e sou agora, na Record.

Faltando pouco tempo para a votação, o candidato do PDS declarou que tinha sido agredido por apoiadores do candidato do MDB. Apareceu todo cheio de gesso, sentado em uma cadeira de rodas. Não era eu o repórter do caso, mas a emissora fez imagens e pretendia levá-las ao ar no Jornal das Sete, um noticiário de âmbito regional. O candidato do MDB, ao saber disso, ligou desesperado para denunciar que se tratava de uma farsa pré-eleitoral. Se não me engano, a solução foi gravar uma entrevista dele por telefone fazendo a denúncia, para acompanhar as imagens.

O candidato do MDB venceu.

Acompanhei outras campanhas sujas. À distância, em Nova York (eu já era correspondente da TV Manchete), a vitória de Collor de Melo sobre Lula.

Em 2006, como repórter da Globo, a tentativa de “derrubar” Lula pelo voto.

Em 2008, talvez a mais suja, travada entre John McCain e Barack Obama, nos Estados Unidos. Teve de tudo: boatos, calúnias, “incidentes” forjados (Obama estudou em uma madrassa na Indonésia, Obama se nega a colocar a bandeira dos Estados Unidos na lapela do paletó, Obama ligado a um pastor “radical”, Obama associado a um terrorista, vídeos falsificados, montagens, ligações disparadas por robôs, etc).

A deste ano, no Brasil, está rapidamente se tornando a mais suja de todas as que testemunhei.

O que esperar na reta final? Mais do mesmo.

Teremos mais dez dias de denúncias na mídia contra a candidata Dilma Rousseff, com certeza.

E, prevê um colega que é do ramo, dependendo do andamento das pesquisas teremos mais um ou dois grandes incidentes. Ele acredita que os “incidentes” vão acontecer no Rio de Janeiro, pela presença na cidade da TV Globo e por se tratar de um estado decisivo para as eleições de 2010.

Trata-se, obviamente, de um exercício de futurologia. A campanha de José Serra entregou-se definitivamente à extrema direita e, para ter alguma chance no dia 31, provocará episódios suficientemente fortes para insuflar seus apoiadores de classe média.

Espero que ele esteja errado.



QUE SERIA DESTE MUNDO SEM MILITANTES?

(Trecho de um discurso de Pepe Mujica, militante de esquerda, ex-guerrilheiro e atual presidente do Uruguai. Foi citado em comentário de Laurita Salles, no blog Vi o Mundo, que, por sua vez, disse estar reproduzindo comentário de Vanessa no Blog do Rodrigo).

“Que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e super-mulheres e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu. Vêm entregar a alma por um punhado de sonhos. Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente de que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida a serviço do progresso humano. Ser militante não é carregar uma cruz de sacrifício. É viver a glória interior de lutar pela liberdade em seu sentido transcendente”.

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