MORRE O ÚLTIMO CHEFE DO EXÉRCITO DA DITADURA


Cristino Nicolaides teve uma condenação a 25 anos de prisão
e se livrou de outros processos por causa da senilidade
(Foto: Reprodução)
De Buenos Aires (Argentina) – “Morreu condenado. E, além disso, ele tinha uma condenação ética e moral de parte da sociedade”, comentou o subsecretário de Direitos Humanos do governo argentino, Luis Alén, ao saber da morte, ocorrida no último sábado, dia 22, do ex-general Cristino Nicolaides, aos 86 anos, o último chefe do Exército da ditadura (1976-1983). Alén recordou então uma frase célebre atribuída ao ex-comandante: “O marxismo vem perseguindo a humanidade desde 500 anos antes de Cristo”.


Fez parte da quarta Junta Militar formada na fase terminal do regime militar e foi o encarregado de entregar o governo a Raúl Alfonsín, primeiro presidente eleito pós ditadura. Contra ele pesavam as acusações de ter sido um dos autores do “Documento Final sobre a Luta contra a Subversão e o Terrorismo”, no qual foram declarados mortos os desaparecidos, e de ter ordenado a queima de documentos para destruir provas sobre a repressão.


Estas eram somente acusações do final de sua carreira como chefe de atrocidades. Muitas outras – todas arroladas como crimes de lesa humanidade, envolvendo torturas e assassinatos – o fustigaram nos últimos anos de sua vida. Teve, porém, uma única condenação na Justiça, a 25 anos de cadeia, que cumpria em prisão domiciliar por questões de saúde. Foi condenado em 2007 por sequestro e desaparecimento de militantes políticos.


Antes da morte, sua senilidade – comprovada por Abuelas de Plaza de Mayo (Avós da Praça de Maio), entidade de defesa dos Direitos Humanos – lhe serviu de salvo-conduto para se livrar de vários processos judiciais, inclusive um previsto para começar em fevereiro próximo, no qual repressores da ditadura serão julgados por roubos de bebês.


(Dados extraídos do jornal argentino Página 12).






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