MOTORISTAS FECHAM RUA E FAZEM PROTESTO (Vídeo)

De Buenos Aires (Argentina) - Vídeo gravado segunda-feira, dia 11/abril. Reforçando o áudio: a Rua Callao ficou fechada parcialmente na altura do prédio do Ministério do Trabalho, pertinho da Praça do Congresso, a partir das 2 horas da tarde (passei por lá por volta das 8:30 e continuava a manifestação);
"Somos todos delegados. Se mexem com um, mexem com todos.
Trabalhadores de MONSA e Linha 60"

À direita, o delegado sindical Hugo Sorma
nome do delegado dos trabalhadores: Hugo Sorma; nome da empresa: MONSA - Microónibus Norte S/A; nome da organização sindical: UTA - União Tranviária Automotor, dos empregados das empresas de ônibus e do metrô; os manifestantes eram motoristas que trabalharam no turno da manhã (nos ônibus daqui não há cobradores, os passageiros colocam as moedas, somente moedas, numa máquina, sob controle do motorista através de um painel.
Neste caso, o corte atingiu só uns 3/5 da pista (muitas vezes o corte é total)

Fechar a rua ("cortar la calle") é o tipo de protesto mais corriqueiro por aqui. Creio que não passa um dia sem que haja algum corte, às vezes parcial, às vezes total, e muitas vezes há dois, três num único dia. Me lembro que via muito isso em Caracas (lá usam o verbo "trancar") e La Paz. Penso ser uma característica de democracias participativas, um tipo mais avançado de democracia, mais avançado no sentido de maior protagonismo dos trabalhadores, da população mais pobre.

E sem qualquer indício de repressão policial. Nos chamados "conflitos sociais" quando se necessita da ação policial, os policiais aqui em Buenos Aires atuam desarmados (que diferença do Brasil! Falo pensando especialmente na polícia dos tucanos paulistas, cuja truculência tive oportunidade de acompanhar nas minhas recentes passagens por lá).

Um dia desses um policial comentou comigo, com ar de reprovação: "Aqui tem muito Direitos Humanos, se a gente reprimir, somos presos", falava e reforçava cruzando os punhos, numa referência às algemas. Outro dia ia de ônibus a um lugar que eu identificava indo pela Avenida Rivadavia (é uma compridíssima, eles dizem por aqui ser a mais comprida do mundo). Acontece que o ônibus desviou para outra rua e aí fiquei preocupado.

- Este ônibus não vai direto pela Rivadavia? - perguntei ao motorista.

- É que tem um corte - respondeu.

- Será algum protesto? - perguntei.

- É um protesto, disse sem qualquer alteração, deixando claro a banalidade do fato.

Os manifestantes se sentem inteiramente à vontade, mas claro que muita gente não gosta. Os políticos mais à direita, com respaldo dos monopólios da comunicação, falam de "caos" e prometem mais segurança, de olho nos votos dos descontentes, principalmente das classes alta e média. Na bandeira de mais segurança está incluída a repressão aos movimentos sociais. O governo federal, por seu lado, mantém alçada a bandeira dos Direitos Humanos e a ministra da Segurança, Nilda Garré, já declarou: conflito social se resolve com diálogo.

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