POLÍCIA GREGA SE REBELA CONTRA O ESTADO (vídeo)

 

 Se nega a reprimir e protesta contra os ajustes econômicos

Policías, guardacostas y bomberos colocaron horcas frente al ministerio de Finanzas y el Parlamento griegos

Policiais, vigilantes e bombeiros colocaram forcas na frente do Ministério das Finanças e do Parlamento gregos

Atenas - Os arredores do antigo estádio de Atenas ficaram hoje cobertos numa maré de uniformes da polícia, dos bombeiros, das forças especiais, da guarda de trânsito e dos vigilantes, todos unidos num só grito: “Não”. Não aos cortes do seu salário e Não às novas medidas chamadas de austeridade.

As diversas ondas de cortes que se têm levado a cabo nos salários dos funcionários reduziram muito o poder aquisitivo dos corpos de segurança e, apesar disso, as novas medidas de economia de cerca de 11,6 bilhões de euros, que o governo prevê aprovar nos próximos dias, acabarão precisamente neste setor e no das pensões, que são bastante reduzidas.

"Os cortes anteriores sobre os funcionários também nos afetaram. Se se aprovam os novos cortes um agente terá que trabalhar 50 horas semanais, incluindo trabalho noturno e situações de emergência por 650/700 euros ao mês, o que não dá  para sobreviver", disse Zánasis Tumas, presidente da Associação de Guardas Especiais, o nível mais baixo do corpo de polícia.

Inclusive dentro do governo têm surgido vozes contra o corte de salários nas corporações de segurança, entre elas a do ministro de Ordem Pública, Nikos Dendias, que recordou há duas semanas que 83% dos policiais recebem menos de 1.250 euros mensais.

Segundo os meios de comunicação gregos, os novos cortes nos corpos de segurança resultarão numa baixa entre 6% e 12%, algo abaixo do planejado para médicos, professores universitários, diplomatas e clérigos, que serão as outras profissões públicas afetadas.

Mas estes novos cortes poderiam ser a gota d’água que transborde o copo, especialmente entre a polícia, cujas associações, anteriormente controladas pelos grandes partidos tradicionais - a conservadora Nova Democracia e o social-democrata Pasok, ambos no governo -, agora olham rumo aos partidos da oposição.

De fato, na manifestação de hoje participaram sindicatos e representantes da oposição, entre eles membros da esquerda radical do Syriza (principal partido da oposição), do Partido Comunista, do direitista Gregos Independentes, mas também está ai o neonazi Amanhecer Dourado.

“Agora começamos um movimento de resistência de todos os trabalhadores para que não sejam aprovadas estas novas medidas que vão destroçar nossa sociedade”, avisou Jristos Fotópulos, presidente do POASY, o sindicato majoritário entre os 50.000 agentes da polícia existentes na Grécia.

Os ânimos estão tensos e já na manhã de hoje se produziram atritos quando um grande grupo de policiais bloqueou a entrada da academia de antidistúrbios de Atenas impedindo a saída dos veículos com destino a Salônica.

Este fim de semana se inaugura nessa cidade, situada no norte da Grécia, uma feira internacional e está previsto um grande protesto dos sindicatos para denunciar que o Estado lhes deve 10 milhões de euros em pagamentos extras.

Os manifestantes foram confrontados na quinta-feira por uma unidade antidistúrbios que ameaçou fazer uso do gás lacrimogêneo, o que produziu momentos de tensão e empurra-empurra, mas, finalmente, a intervenção do próprio primeiro ministro, Andonis Samarás - que prometeu por via telefônica a um dos líderes sindicais da polícia que se pagarão os atrasos -, conseguiu que os policiais que protestavam abandonassem o lugar de forma pacífica.

Durante a manifestação da tarde, Fotópulos fez ainda assim uma dura advertência ao governo: “Os que pensam que nos poderão obrigar a reprimir os outros trabalhadores se equivocam. Junto a nós estão os sindicatos e os representantes de todos os partidos da oposição”.

Horas mais tarde, polícias, vigilantes e bombeiros colocaram forcas frente ao Ministério das Finanças e o Parlamento para representar falsos suicídios que simbolizavam o sofrimento causado pelos cortes do orçamento. Ao mesmo tempo, pretendiam recordar aos políticos que a taxa de suicídios no país aumentou desde que começou o chamado ajuste.

Comentários