“É NECESSÁRIO REVISAR A ORIENTAÇÃO POLÍTICA DOS MEIOS PÚBLICOS DE COMUNICAÇÃO” (vídeo)



Vídeo Fonte: http://www.youtube.com/user/sucreranda

Venezuela - Foro Comunicação e Revolução: Desafios da Nova Etapa (1)

Por Correo del Orinoco (jornal estatal) – reproduzido do portal Aporrea.org, de 01/11/2012

O sociólogo Reinaldo Iturriza defendeu durante os debates que é necessário se revisar a atuação dos meios públicos de comunicação (2), já que na sua opinião a política comunicacional do governo não deve estar enfocada somente em se contrapor à agenda opositora.

Expressou que os que apoiam a Revolução querem que “muitas das coisas sobre as quais não se debate publicamente, sejam debatidas publicamente. Disso se trata a Revolução, que é um processo político que está protagonizado por um sujeito político”.

Durante sua participação no Foro Comunicação e Revolução: Desafios da Nova Etapa , Iturriza questionou que a política de comunicação do Sistema Nacional dos Meios Públicos esteja unicamente orientada no sentido de contestar a agenda opositora que é apresentada pelos meios privados de comunicação.

“Por que razões começou a ter tanta ênfase uma comunicação entendida como um grupo de senhores que explicam ao povo venezuelano o que nos quer dizer Globovisión (emissora privada de TV) ou El Nuevo País (diário anti-chavista), que é um jornal que absolutamente ninguém lê neste país”, argumentou (3).

“Por que nós temos que estar vendo as capas de El Nuevo País na Venezolana de Televisión?”, se perguntou (Venezuelana de Televisão-VTV, a emissora estatal de TV mais importante).

Nesse sentido, disse que não pode ser o trabalho fundamental dos meios públicos falar de Globovisión, tendo em conta que a Revolução já derrotou a agenda comunicacional da oposição durante o Golpe de Estado de 2002. “Nós não podemos andar com a atenção voltada para a Globovisión”, sentenciou.

Indicou que é fundamental conhecer as críticas que há no rumo do socialismo já que são parte do desenvolvimento e do processo de mudanças que vive o país. “Nos custa muito que a crítica apareça nos meios públicos de comunicação”, acrescentou, ao tempo em que chamou a aprofundar o socialismo e “fazê-lo com a gente na rua, escutando o que o povo tem a dizer”.

“Obviamente o governo tem feito um bom trabalho, mas também precisa escutar suas críticas. Não pode ser que nós tenhamos que escutar as críticas através da Globovisión ou El Nacional (outro jornal anti-chavista)”, afirmou.

Finalmente, sugeriu que a política comunicacional dos meios públicos não apenas mostre o produto final mas também mostre tudo que está por trás de sua elaboração. “Não se trata simplesmente de mostrar o que aparenta, se trata de mostrar o que está por trás do que aparenta; e o que está por trás disso é precisamente o povo que produz”, concluiu.

Observações do Evidentemente:

(1) – Logo após sua reeleição em 7 de outubro, o presidente Hugo Chávez imprimiu duas ênfases em seu governo: uma delas foi no sentido de dinamizar o setor de comunicação, torná-lo mais ágil e mais adequado à nova fase da Revolução Bolivariana, tendo em vista inclusive a continuação da construção do socialismo (a outra ênfase foi atribuir a um dos seus ministérios a tarefa de acompanhamento dos projetos e programas de governo).

No bojo dessas modificações, houve várias trocas de ministros, inclusive o de Comunicação e Informação (também porque alguns ministros se candidataram a governadores, cuja eleição será em dezembro). Uma das primeiras iniciativas do novo titular da área de comunicação, o jornalista Ernesto Villegas (era diretor do jornal Ciudad Caracas, editado pela prefeitura da capital), foi organizar este seminário, onde se deu uma alentada discussão sobre o setor (tenho algum material sobre o encontro e penso fazer um resumo).

(2) – Trata-se do chamado Sistema Nacional dos Meios Públicos, ou seja, os jornais e emissoras de rádio e TV tocados pelo governo chavista, que tentam no dia-a-dia se contrapor ao bombardeio das informações da mídia privada hegemônica, ao mesmo tempo em que combatem no sentido da luta contra a oligarquia direitista, aliada ao império dos Estados Unidos, e da luta pela construção do Poder Popular (ou Poder Comunal) e do socialismo.

Tal sistema (estatal) é composto pelos seguintes meios de comunicação: Agência Venezuelana de Notícias (AVN); duas emissoras de rádio: Rádio Nacional da Venezuela e A Rádio do Sul; seis emissoras de TV: Telesul, Tves, Vive, Venezuelana de Televisão (VTV), Mundial e ANTV (da Assembleia – Congresso - Nacional); e dois jornais diários: Correo Del Orinoco e Ciudad Caracas (editado pela prefeitura da capital – município de Libertador).

(Aí não estão incluídos um jornal privado chavista, o Diario Vea – Veja – e cerca de 300 rádios e TVs comunitárias chavistas. Não esquecer, porém, que a grande maioria dos veículos da mídia – emissoras de rádio e TV, jornais impressos e meios comunitários – é de propriedade privada e anti-chavista). 

(3) Para quem conhece um pouco a batalha que se trava na Venezuela contra o que eles chamam “terrorismo midiático”, é fácil identificar que este sociólogo bate de frente com a orientação de um dos comunicadores mais conhecidos e respeitados do campo chavista. Chama-se Mario Silva. Ele tem há anos o programa La Hojilla (A Navalha), na Venezuelana de Televisão (VTV), a emissora estatal mais forte do país, onde justamente costuma repassar ataques e críticas da mídia privada (são comuns, por exemplo, vídeos de programas e entrevistas da TV Globovisión, que os chavistas chamam Globoterror). Acompanhados, claro, de implacáveis comentários de Mario Silva, que defende incansavelmente o governo, o “comandante Chávez”, a revolução e o socialismo.

Comentários