A "CALDOSA" DE ROY (Meus amigos cubanos)

Queria de alguma forma apresentar aqui meus amigos cubanos. Estive em Cuba, basicamente Havana, durante oito meses, de julho/2007 a fevereiro/2008. (Com passagem rápida em companhia de Deta Maria, fotógrafa co-fundadora deste blog, por algumas outras grandes cidades, como Santiago de Cuba, Santa Clara, Trinidad, Cienfuego, Camaguey e Pinar del Río). No final do ano passado me quedei mais um mês por lá. 

Morei sempre pelo centro da cidade: Vedado, Centro Havana. (Fui frequentador assíduo do bar Tuxpan, na Avenida San Lázaro, hoje pertencente à Federação dos Estudantes Universitários, a influente FEU, fica perto da tradicional Universidade de Havana; tem outro bar - El Bodegón de Teodoro - vizinho do Tuxpan, que, dizem por lá, era frequentado por Fidel Castro quando jovem estudante; Tuxpan vem a ser o nome do rio mexicano pelo qual navegaram os 80 temerários futuros guerrilheiros de Sierra Maestra - no desembarque na ilha foram dizimados e sobreviveram somente 12, os que tocaram a revolução). E fazia incursões ("recorridos" - uns 20 minutos de caminhada) semanais para Havana Velha (a bela "Habana Vieja", a área mais turística).

Bem, ia falando dos amigos e quero falar da "caldosa cubana". Certamente porque foi o lugar onde mais demorei, dentre os sítios onde estive nesse peregrinar por Brasil/América Latina/Caribe - e certamente, também, porque os cubanos são mais receptivos, amigáveis e de bem com a vida -, Havana foi o único lugar onde - posso bater no peito e dizer - fiz algumas (assim no plural) boas amizades (pelo menos pra mim não é simples fazer novas amizades: creio, filosoficamente, que as pessoas - inclusive eu - vivem a priori comprometidas com suas próprias rotinas).

E vamos à "caldosa" (pronúncia: "caldoça"), que foi o "gancho", como dizem os jornalistas, para eu falar dos amigos. A "caldosa" é uma espécie de sopa de caldo grosso com uma porrada de ingredientes (veja o prato acima em foto da Internet): legumes/verduras/raízes: batata, aipim, milho (eles falam em "viandas", não sei bem os nomes), carnes, principalmente de porco, etc, etc, uma mistura danada, só sei que é muito gostosa, "exquisita", como dizem por lá.
E muito popular. Os cubanos festejam datas históricas e encontros sociais com a "caldosa". Como mostra esta segunda foto, que peguei também na Internet, para as comemorações do dia 28 de outubro, por exemplo (aniversário dos CDRs/Comitês de Defesa da Revolução, tipo associações de moradores, fundados em 1960), a comida típica é cozinhada em grandes panelões pelas ruas da cidade. É uma festa popular por excelência, com muito "ron" e "otras cositas más".

Volta e meia meu amigo Roy me convidava para comer uma "caldosa", "lá na minha favela", dizia. Nessa minha última estadia em Havana, em novembro/2012, o programa se repetiu, uma roda de amigos seus com alguns meus incorporados. Papo ("charla"), música, "ron" (a cachaça de lá), brincadeiras ("bromas", "chistes"), tira-gosto ("abreboca"), jogo de dominó (com as pedras até o número nove) e, no final, a "caldosa". Vejam as fotos:
Milady e Roy (o casal - "pareja" - anfitrião) com o amigo "Rumanía"
Parte do grupo no pátio da "favela" de Roy
Emerio, irmão do coronel Carmelo
Aniceto, grande companheiro
Milady, eu a chamava "Mileide", imitando a pronúncia inglesa
Carmelo, parceiro de quase todos os meus dias em Havana
Roy e um dos seus amigos
Roy com mais dois amigos
Outras fotos em outros momentos "habaneros":
Carmelo e Aniceto "compartindo" comigo no bar Tuxpan
Este é o "comandante" Mongui, uma espécie de embaixador informal para muitos estudantes e amigos (como eu) brasileiros em Cuba, em sua casa manejando a velha parafernália da antiquada informática cubana (espera-se que melhore com o cabo submarino ligando a ilha à Venezuela, o que, segundo dizem, vai sanar problemas decorrentes do bloqueio imperial)
Comemorando a entrada do ano novo na noite de 31 de dezembro de 2007, no famoso Malecón de Havana: reprodução de foto tirada por Deta Maria. Os quatro do centro: Andrea e Ernandes (casal amigo de baianos), Jadson e Aniceto. Os três da esquerda e as três da direita são familiares do "comandante" Mongui
Dos amigos de cinco anos atrás faltam fotos das amigas Maritza, minha professora de espanhol, e Caridad, pessoa influente nas relações culturais entre Cuba e Brasil, e Manoelito, com quem tive boa convivência. Dos de agora, faltou tempo para avançar e consolidar a amizade: destaco Julio (me parece uma grande figura humana) e o professor Manuel (filho de Emerio, sobrinho de Carmelo). Não tenho fotos dos dois. 

Registro aí embaixo dois estudantes brasileiros que estão em Havana, com os quais mantive convivência bastante amigável:
Diego (o terceiro sentado com Mongui e outro amigo), de São Paulo, quintanista de Medicina
Gabriel, de Olinda (Pernambuco), faz pós-graduação

 

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