A REVOLTA É CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS, MAS O MOVIMENTO É OUTRO

(Foto: Passe Livre/São Paulo)

Por Renato Rovai (editor da revista Fórum), no Blog do Rovai, de 08/06/2013

Na quinta-feira (6)  presenciei parte do conflito entre os manifestantes do Movimento Passe Livre e a Polícia Militar. Estava no Centro de São Paulo por conta de um debate com o vereador, Ricardo Young, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O debate, promovido pelo grupo Contraponto, foi sobre se a questão da sustentabilidade será um tema importante na eleição de 2014. Foi uma conversa muito agradável, mas neste texto vou falar do que vi no caminho para a Faculdade e não do debate em si. Vi, como poucas vezes, muitos jovens de periferia naquela manifestação. Garotos e garotas negros ou quase negros e muitos deles com raiva, muita raiva.

Não pareciam ser filhinhos de papai revoltados com o atraso da mesada. Ou esquerdistas que têm como única causa o confronto, seja ele contra quem for. Havia gente dessas duas categorias e algumas (poucas) bandeiras de partidos onde essas duas categorias se fazem presentes com certo peso. Mas o movimento não era isso.

É importante o registro porque ganha força nas plataformas de redes sociais a tese da desqualificação do Movimento Passe Livre com a utilização deste argumento fácil de que é coisa de mimadinhos e mimadinhas que não trabalham. Coisa de baderneiros de classe média.

Os rostos daqueles jovens não traduziam isso. Eram garotos pobres, com muita raiva. Garotos e garotas indignados e revoltados. E que pareciam não estar ali só por conta do aumento da passagem, mas porque precisam gritar que existem.

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