ULTRADIREITA GOLPISTA TENTA SE FORTALECER, MAS SEM ABANDONAR O GOVERNO (capítulo 1)


O Partido Militar Brasileiro (PMB) sente saudades dos tempos em que os generais ocupavam o poder, durante a ditadura militar

Do jornal digital Correio do Brasil, de Brasília, postagem de 04/11/2013 (como o artigo é bem longo, vai aqui dividido em vários capítulos)

Os partidos da direita e ultradireita, no Brasil, apesar do ostracismo a que foram submetidos na última década de vitórias do campo da esquerda, seguem na tentativa de recuperar algum terreno nas eleições do ano que vem. Enquanto o PSDB, dividido internamente em relação ao apoio a José Serra, candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, ou Aécio Neves, senador do partido, mas com ampla faixa de rejeição junto ao eleitorado, legendas menores como o Democratas (DEM) e o PPS chegam às raias da extinção. Uma faixa ampla de interesses conservadores, no entanto, sempre foi preservada nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e, ainda hoje, com Dilma Rousseff, segundo aponta o sociólogo e professor Ivo Lespaupin.

Há, no entanto, uma outra série de legendas aprovadas por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que busca um espaço na floresta de siglas que integra o bioma político nacional, com o discurso nacionalista que embalou as duas décadas de ditadura em que o país foi lançado, a partir de 1964. No enunciado do Partido Militar Brasileiro (PMB), a direção concorda que “a proposta é ambiciosa, principalmente no que se refere a candidatos para a presidência do Brasil, hoje não há praticamente nenhum candidato que se apresente como sendo de direita. Parece que se declarar como conservador, ou de direita, se tornou um demérito”.

Os saudosistas da época em que os coturnos valiam mais do que dois pares de sapatos civis, querem “combater a elite comuno-petista”. Para eles, o latifundiário Ronaldo Caiado, se fosse candidato do DEM à Presidência da República, seria rebotalho dos votos conservadores, embora reconheça que as chances de que represente os seus correligionários, nas urnas, sejam ínfimas. “Ainda assim seria interessante que os organizadores do movimento o procurassem para manifestar seu apoio e, desde já, fechar acordos”, dizem os signatários do PMB.

A explicação para os baixos índices eleitorais de Caiado, para os militaristas, no entanto, é a mídia conservadora. A mesma mídia que já foi classificada de Partido da Imprensa Golpista (PIG), para as esquerdas, seria responsável por alijar Caiado do plano eleitoral por ele ser “médico, um ruralista, e criticou duramente o programa ‘mais médicos’. Talvez seja por posições desse tipo que a grande mídia o ignore. O desafio é grande pois o PT já consagrou na mente da sociedade que tudo que não é de esquerda é anti-povo. A internet, se bem aproveitada, oferece a oportunidade de desconstruir isso”, imaginam.

Os integrantes desta legenda beiram a sedição ao afirmar que, “nos últimos meses há frequente divergência entre militares das Forças Armadas e o governo. Manifesto Interclubes, abaixo-assinado dos oficias e marcha virtual, são exemplos de grandes questões surgidas recentemente, sem contar o reajuste de salários que não cobriu sequer a inflação. Essa queda de braço com os militares pode causar bastante prejuízo político, já a curtíssimo prazo. A conquista de mais de 300 mil adesões em um abaixo assinado no Senado mostra que os militares de hoje já aprenderam a se mobilizar politicamente, e podem utilizar seu status moral para conquistar a população, em sites e revistas militares abundam as solicitações para que as forças armadas assumam uma postura diante do mar de corrupção que assola o país”. (Continua)

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