APARTHEID SE AGRAVA EM SÃO PAULO COM INTIMAÇÃO CONTRA 'ROLEZINHO'

O fotógrafo Bruno Poletti, da Folhapress, fotografou o momento em que um PM ameaçava com o cassetete um garoto que integrava o 'rolezinho'
O fotógrafo Bruno Poletti, da Folhapress, fotografou o momento em que um PM ameaçava com o cassetete um garoto, menor de idade, que integrava o ‘rolezinho
Por Correio do Brasil, de São Paulo, de 13/01/2014

São Paulo vive uma nova forma de apartheid (segregação racial e social) após a ação violenta da Polícia Militar e, agora, a intimação da Justiça contra um grupo de jovens, desarmados, que realizou mais um ‘rolezinho’ em um shopping paulistano. Ao todo, 10 desses jovens foram intimados a comparecer à Justiça para explicar sua participação no movimento que gerou a reação violenta de policiais militares e terminou em confusão e violência no shopping Metrô Itaquera, na noite de sábado. Medida liminar da Justiça consolida o estado de segregação e serviu como pano de fundo para a ação violenta da polícia paulista.

Os manifestantes maiores de idade, segundo a assessoria de imprensa do shopping, foram notificados por um oficial de Justiça para falar, em juízo, ainda durante a manifestação no centro comercial. Os jovens deverão prestar depoimento, perante um juiz, e relatar as suas versões dos fatos. Caberá à Corte analisar cada caso e decidir se eles pagarão ou não a multa de R$ 10 mil, prevista na liminar. Segundo o oficial de Justiça responsável por entregar as intimações, os rapazes que receberam o documento foram identificados pela Polícia Militar.

– Quem a PM apontar como participante ou cabeça (líder) do movimento, nós vamos abordar – afirmou a jornalistas o oficial judiciário.

No pico do movimento, cerca de 3 mil jovens ocuparam o centro comercial, em Itaquera. Ao chegarem no shopping, os jovens eram revistados por policiais militares, enquanto o oficial de Justiça anotava os dados pessoais (nome, RG e endereço) dos maiores de idade. No ato da identificação, eles recebiam uma cópia da liminar concedida pela Justiça. Dispostos a desafiar o poder discricionário de policiais e agentes da Justiça, os jovens correram pelos corredores, o que assustou clientes e comerciantes. As lojas fecharam por temor de saques.

Após o ‘rolezinho’, os jovens saíram do shopping com a chegada da PM e dirigiram-se ao terminal Corinthians-Itaquera, onde a Tropa de Choque usou bombas de gás e balas de borracha para dispersá-los. Três pessoas foram detidas e houve vários feridos.

Para ler sobre a resistência da militância do movimento negro:

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