“OPOSIÇÃO OPERÁRIA” DEBATE AS JORNADAS BRASILEIRAS DE JUNHO/2013 E A COPA



Mobilizar, conscientizar e organizar em tempos de esquerdas baratinadas; em tempos de partidos e sindicatos enfraquecidos; em tempos de “revolução bolivariana” e “socialismo do século 21” na América Latina; em tempos de “primavera árabe”, “indignados”, “Fora do Eixo/Mídia Ninja”, Black Blocs e Rolezinhos; em tempos de ditadura da mídia hegemônica e protagonismo da Internet/redes sociais; em tempos de direita disputando as ruas e “mensalão”; em tempos de declínio político (não militar) do império estadunidense.


 

De Salvador (Bahia) - Busquei alinhar aí encima um rascunho do que pode estar em discussão hoje no Brasil, na América Latina e no mundo, no tocante ao movimento democrático, popular e socialista, para anunciar aqui neste meu blog que os companheiros da intitulada “Oposição Operária” (articulação de esquerda que edita a revista Germinal) vão discutir, em seminário, as manifestações de junho/julho do ano passado e a Copa do Mundo. Será logo mais no sábado, dia 15, pela manhã, na sede do CEAS (Centro de Estudos e Ação Social), na Federação, em Salvador-Bahia.


 

Não sei por quais caminhos vão andar os debates. Sei que a explosão de gente nas ruas das grandes cidades – chegou-se à estimativa de 300 mil pessoas num dos protestos no Rio de Janeiro – surpreendeu todo mundo. Os partidos políticos – todos, vamos enfatizar especialmente os de esquerda (que se dizem marxistas, leninistas ou trotskistas) e/ou de centro-esquerda – foram pegos de calça na mão. Milhares de jovens “desorganizados” exibindo os mais variados, e às vezes estranhos, protestos e reivindicações.


 

O pessoal das esquerdas totalmente baratinado. Quem estava no comando? Não havia comando, a coisa parece que rolava no piloto automático. E a confusão aumentou quando grupos de direita começaram a mostrar certo protagonismo. Há um detalhe, para mim, demonstrativo da desorientação geral e até dum certo desespero: num artigo divulgado na blogosfera, era dito, com todas as letras, que o ex-presidente Lula ia assumir “definitivamente” o comando das manifestações.


 

(Garanto que é verdade, eu li, inclusive o “definitivamente”, creio que não era assinado, se não me equivoco tal delírio saiu no jornal digital Correio do Brasil, um site que, por sinal, gosto muito, leio todos os dias e do qual reproduzo muita coisa neste Evidentemente).


 

Outro detalhe interessante é que a chamada grande imprensa começou metendo o pau nas manifestações; logo em seguida mudou a orientação (ficou nos anais a patética retratação do Arnaldo Jabor) e a Rede Globo (com seus irmãos da “mídia gorda”) tentou assumir o comando, mas desistiu logo, mesmo porque ela também passou a ser alvo dos protestos.


 

E, em seguida, entraram em cena os “vândalos”, os pop-stars dos monopólios da mídia hegemônica. Não os “vândalos” da repressão policial, mas os “vândalos” da chamada tática Black Bloc. Os jovens mascarados tornaram-se os verdadeiros protagonistas da “festa”, tanto no sentido real, como – e especialmente – no sentido midiático.


 

Sobre eles, aliás, me atrevi a divulgar aqui neste meu blog minha opinião pessoal, em meio a várias outras, inclusive discordantes, veiculadas aqui igualmente. Foi numa matéria sobre uma manifestação de estudantes em São Paulo, em outubro/2013. Quem quiser ler, deixo aqui o link: “Estudantes nas ruas de SP: enfrentando a polícia e os blackblocs”.




Transcrevo apenas o final da matéria:


“Conclusões preocupantes:



1 – Os black blocs, sem querer, dão à polícia uma fácil justificativa para a repressão violenta, imagino que com o respaldo da maioria da população;



2 – Os black blocs criam uma tensão a mais, uma dificuldade a mais para o movimento democrático e popular;



3 – Os black blocs e a repressão policial afugentam parcelas mais amplas da população que poderiam aderir às manifestações de rua;



4 – E os monopólios da mídia hegemônica, tarimbados em criminalizar os movimentos sociais, especialmente os de esquerda, deitam e rolam na demonização dos “vândalos” (ou seja, os black blocs, não os policiais)”.



Faltou acrescentar que a maneira como atuam os black blocs, inclusive com máscaras, facilita também a infiltração de policiais como provocadores entre os manifestantes.



Está aí uma modesta contribuição para os debates dos companheiros da “Oposição Operária”.

Comentários

Anônimo disse…
Nosso Caro Jadson,

gostamos não só da chamada para o Seminário, mas, também, dos seus comentários sobre as Jornadas de Junho/Julho 2013. Agradecemos a divulgação e apareça para dar a sua contribuição ao debate.
Abraços,

Coordenação da Oposição Operária