PAZ X GUERRA: HOJE SE DECIDE O FUTURO DA COLÔMBIA



Santos, com a camiseta colombiana, festeja em Bogotá o triunfo da sua seleção (Foto: AFP/Página/12)
A eleição presidencial neste domingo definirá a continuidade do processo de paz: o presidente direitista Santos chega à votação em segundo turno com respaldos da esquerda, baseados no impulso que sua reeleição daria aos diálogos de paz com as FARC e o ELN. O também direitista Zuluaga prefere lidar com a guerrilha com mão de ferro.

Matéria do jornal argentino Página/12, edição de hoje, domingo, dia 15

Juan Manuel Santos e Oscar Iván Zuluaga definirão nas eleições de hoje não só quem será o presidente da Colômbia, mas também a continuidade ou a interrupção dos diálogos de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), para o que terão que atrair às urnas algo mais do que os exíguos 40% dos inscritos que participaram do primeiro turno em 25 de maio. O centro-direitista Santos, que conseguiu 25% dos votos no primeiro turno, chega a esta última instância com respaldos da esquerda, ao menos parciais - no caso do Polo Democrático e da Marcha Patriótica -, baseados no impulso que sua reeleição daria aos diálogos de paz com as FARC, iniciados no final de 2012, e com o ELN, anunciados estrategicamente na segunda-feira. Um dos principais apoios vindos desse setor foi o da ex-candidata do Polo Democrático, Clara López, que obteve15% dos votos no primeiro turno.

Pela mesma razão também se alinharam à candidatura do presidente parte dos dirigentes do Partido Liberal, ex M-19, personalidades da cultura e até a ex-candidata Ingrid Betancourt, que esteve seis anos sequestrada pelas FARC, dentre outros. Zuluaga, que liderou com 29% na votação de 25 de maio, somou o respaldo de sua competidora neste pleito do Partido Conservador, Marta Ramírez, que após obter 15% dos sufrágios passou, a título pessoal, a trabalhar na campanha do uribista. O quinto candidato no primeiro turno, Enrique Peñaloza, que reuniu algo menos do que 8% dos votos, não se pronunciou pessoalmente, mas se estima que os votantes da Aliança Verde se espalharão entre ambas opções, com alguma preferência por Santos.

A verdade é que estes percentuais são relativos, não só porque as transferências de votos não são lineares e menos ainda num país onde o sufrágio não é obrigatório, como também porque com um abstencionismo de mais de 60% essas cifras se reduzem notavelmente. O 29% de Zuluaga, por exemplo, significa apenas 9,56% do total de 32.975.158 cidadãos habilitados a participar das eleições. E no caso de Santos esse percentual se reduz a 8,24%. Se os que se abstiveram no primeiro turno se somassem aos 6% que votaram em branco, a eleição de hoje não estaria sendo realizada, já que a Constituição de 1991 estabelece que se o voto em branco é a opção mais votada tem de se convocar novo pleito com outros candidatos. Felizmente, para Santos e Zuluaga, isso não ocorre no caso do segundo turno.

De qualquer forma, o cientista político Jorge Bustamente disse que se prevê que neste segundo turno a abstenção voltará aos seus níveis históricos de 50% dos aptos a votar, porque se trata duma definição. Agora, são outras as razões para o crescimento do abstencionismo numa eleição fundamental para a paz como esta. “O eleitorado não foi votar porque as pesquisas deram que o problema da paz está no sexto ou sétimo lugares em suas preocupações. Na área urbana o tema da paz não afeta muito as pessoas, porque as guerrilhas são um fenômeno rural.”

Continua em espanhol:

“La polarización se dio en torno de la paz y no se habló de infraestructura, de educación, de salud, a pesar de que las encuestas indicaban que ésos eran los temas que interesaban más a la gente”, agregó Bustamente días atrás. Sin embargo, el eje (No entanto, o eixo) de ambas campañas siguió pasando por las negociaciones de paz con las guerrillas más añejas (mais antigas) del continente, luego de 50 años ininterrumpidos de conflicto interno. El dueño del discurso por la paz es Santos, que ha repetido hasta la saciedad que su propuesta para un nuevo mandato apunta a pacificar el país y, para ello, recuerda las negociaciones que lleva adelante en Cuba con el grupo guerrillero FARC desde noviembre de 2012 en La Habana.

A ese argumento sumó esta semana el anuncio de la apertura de una mesa de negociaciones con el Ejército de Liberación Nacional (ELN), la segunda guerrilla del país, que fue negociada secretamente en Ecuador pero que todavía (ainda) no se sabe en qué país se concertará. Las ofertas explícitas son Uruguay y el mismo Ecuador. En el otro extremo de la balanza está el candidato derechista, Oscar Iván Zuluaga, quien a pesar de no negar su interés por pacificar al país, plantea (propõe) una revisión de lo negociado hasta el momento y la imposición de nuevas condiciones que, según dijo el experto en el proceso de paz colombiano Iván Marulanda, harían caer el proceso de paz.

El presidente colombiano intentará lograr su reelección para pasar a la historia de los colombianos como el líder que logró la paz con la guerrilla tras cinco décadas de conflicto armado, si se acuerdan los diálogos de paz que su gobierno inició con las FARC y que está por instalar con el ELN. Santos se maneja diplomáticamente en la arena política: gobernó bajo (sob) la tutela de una coalición y con la única oposición de Uribe, quien lo acusa de “castrochavista” y ahora, en esta campaña, de usar dinero del narcotráfico. Por el lado de la izquierda, lo acusan por sus pactos no cumplidos con el sector agrario pero lo aplauden en cuanto a su iniciativa de paz, la llave para el respaldo en la segunda vuelta electoral.

En esta gestión le quedaron por resolver el problema del campesinado, infraestructuras y las reformas de salud y educación. Santos, casado con María Clemencia Rodríguez y padre de tres hijos, sostiene que es posible que antes de finalizar este año se firme la paz a pesar de los obstáculos puestos por sectores de derecha, y asegura que para eso necesita otros cuatro años más. Para demostrar su confianza en el resultado de hoy señaló que a partir de 2018, cuando termina el mandato que se pone en juego en este ballotage (neste segundo turno), piensa dedicarse a dar clases (aulas) en alguna universidad del extranjero.

Tradução: Jadson Oliveira

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