ARGENTINA: OS ABUTRES, ISOLADOS DO MUNDO

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Cristina Kirchner (Foto: Carta Maior)

Não deixa de chamar atenção que a Argentina obtenha apoio de parte de alguns símbolos desses setores, como o editorialista estrela do Financial Times.

Por David Cufré - Página/12 - reproduzido do portal Carta Maior, de 29/07/2014

O papel da Argentina no Consenso de Washington desde o início dos anos 90 lhe rendeu conhecimento internacional. A vontade política expressada pelo menemismo para levar adiante uma política de organização social baseada nos critérios do mercado acumulou elogios dos centros de poder globais.

Simbolicamente, os Estados Unidos até suprimiram o requisito de tramitar visto aos cidadãos argentinos para entrada em seu território. Cada assembleia do Fundo Monetário Internacional era propícia para colocar a Argentina como exemplo de país sério, ordenado, capaz de deixar para trás suas contradições e se atirar em um sistema econômico moderno.

Neoliberalismo em seu estado puro: redução do Estado à sua expressão mínima, livre fluxo de entrada e saída para os capitais especulativos, primazia da valorização financeira sobre a produção, abertura comercial, privatizações – hidrocarbonetos, energia elétrica, telecomunicações, transporte, serviços básicos, indústrias-chave como a siderurgia, a naval e a aeronáutica, espectro radioelétrico e até confecção de passaportes – entrega ao setor financeiro a administração das aposentadorias e desregulamentação trabalhista. Todas essas políticas tiveram sua tradução institucional em leis, decretos e resoluções.

Também houve acordos internacional que tornaram ainda mais profunda a marca do caminho traçado. Atualmente, alerta-se em toda sua dimensão o que significou ceder à solução legal de controvérsias com títulos da dívida nos tribunais dos Estados Unidos. E antes, já haviam sido comprovados os efeitos de aceitar o Ciadi, o tribunal do Banco Mundial para dirimir eventuais conflitos com as privatizadas. Os Tratados Bilaterais de Investimento que floresceram na América Latina acabaram por empacotar a soberania jurídica e outorgá-la aos países mais poderosos.


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