POLÍCIA DO RIO DE JANEIRO: DOS ASSASSINATOS NAS FAVELAS À PERSEGUIÇÃO POLÍTICA



A advogada e ativista Eloísa Samy pediu asilo político ao consulado do Uruguai no Rio (Foto: EFE/Página/12)
A polícia do Rio, que não é subordinada ao governo federal, espionou e prendeu militantes contrários à Copa do Mundo: os serviços de inteligência policial violaram as comunicações e revistaram as casas de 23 manifestantes, que foram acusados pelo Poder Judiciário do Rio do crime de “formação de quadrilha”. O PT divulgou uma nota de repúdio.

Veja como o jornal argentino Página/12 reportou o assunto, em matéria assinada por Darío Pignotti (de Brasília), na edição de hoje, dia 23

Dos assassinatos nas favelas à repressão política. A polícia do estado do Rio de Janeiro, que não é subordinada ao governo federal, espionou e prendeu militantes que se opunham à Copa do Mundo, reproduzindo as práticas aplicadas quando era o braço auxiliar das forças armadas na repressão da resistência democrática durante a ditadura.

Os serviços de inteligência policial violaram as comunicações e deram batida nas residências de 23 ativistas, os quais foram acusados pelo Poder Judiciário do Rio do crime de “formação de quadrilha”, equiparando-os a uma quadrilha de delinquentes que trafica drogas ou realiza sequestros.

Na segunda-feira três dos militantes, entre eles a advogada Eloísa Samy, solicitaram e não receberam asilo político no consulado do Uruguai, do qual saíram acompanhados pela deputada Janira Rocha (estadual pelo PSOL do Rio), que ontem repudiou a “inaceitável perseguição política existente no Rio”, durante um ato convocado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sob a consigna “Em defesa da democracia e contra a criminalização do protesto”.

“Nossa democracia não pode aceitar que haja zonas de exceção, os organismos do Estado não podem hostilizar a democracia”, protestou ontem Wadhih Damous, titular da seccional carioca da Comissão da Verdade sobre os crimes durante a ditadura, criada pela presidenta Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores.

É similar à perseguição política que ocorre em São Paulo, onde surgiram as manifestações em junho de 2013, cuja polícia chegou a deter vários “suspeitos” de violar a Lei de Segurança Nacional, sancionada em 1983, dois anos antes do fim do governo ditatorial.

Entretanto, a polícia carioca prosseguia ontem com a caça a ativistas, em sua maioria jovens, iniciada há uma semana quando o Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota de repúdio.

“A violência do Estado e a intimidação têm que ser rechaçadas por todos os que defendemos a democracia... seremos intransigentes na defesa dessas conquistas”, afirma o comunicado firmado pelo presidente do PT, Rui Falcão, membro do comitê de campanha para a reeleição de Dilma Rousseff nas eleições de 5 de outubro.

No enérgico tom da nota petista contra a perseguição aos grupos rebeldes se insinua a posição da própria presidenta Rousseff, que como chefa de Estado não tem jurisdição sobre as polícias dos 27 estados da Federação, as quais somam cerca de um milhão de homens em armas.

Continua em espanhol:

Ese número prácticamente triplica a las fuerzas federales (considerando militares y policía federal), a las cuales Rousseff convocó para reforzar la seguridad durante la Copa del Mundo en medio de rumores sobre paros (greves) de las policías locales. De hecho (De fato), la Unión suele ser rehén (a União costuma ser refém) de esas policías que en su mayoría repiten el patrón (o padrão) de la de Río de Janeiro: corporaciones guiadas por sus propios intereses, formadas en escuelas que prácticamente no reformaron sus planes de estudios desde la dictadura, habitualmente vinculadas con el crimen organizado y tolerantes, cuando no cómplices, de los escuadrones de la muerte.

Lo nuevo es que en Río las fuerzas de seguridad conquistaron mayor poder territorial con la implantación desde 2008 de las Unidades de la Policía Pacificadora (UPP) con el pretexto de combatir al narcotráfico, al cual suelen dar cobijo a cambio de coimas (ao qual costumam dar proteção em troca de subornos).

Estos destacamentos de las UPP establecidos en una treintena de favelas se convirtieron en nichos de poder político donde la policía actúa a voluntad implantando una suerte (uma espécie) de Estado de baja intensidad democrática al que deben allanarse los vecinos (que devem invadir, dar batidas nas casas dos moradores), degradados a la condición de ciudadanos de segunda (categoría).

En las multitudinarias marchas (Nas grandes manifestações) de 2013, que perdieron convocatoria (perderam poder de mobilização) durante el Mundial del mes pasado, se observó la participación de algunas agrupaciones surgidas en las favelas, donde es cada vez mayor el repudio a la ocupación policial con su lastre de torturas, asesinatos y, un dato inquietante, el creciente número de desapariciones de vecinos (de desaparecimentos de moradores), entre ellos algunos dirigentes comunitarios.

De esos casos el más emblemático fue el del albañil (foi o do pedreiro) Amarildo de Souza, que continúa desaparecido luego de haber sido secuestrado a mediados de 2013 por agentes que lo torturaron hasta la muerte en la sede de la UPP de la favela Rocinha. Una decena de policías fue procesada por la desaparición del albañil (do pedreiro), crimen que dio lugar a varios actos, uno realizado frente al palacio de la gobernación carioca durante la recepción ofrecida al papa Francisco en julio del año pasado.

Para el diputado Robson Leite, del PT, el acoso a los militantes prófugos (foragidos) desde que salieron del consulado uruguayo anteayer (anteontem) y los aprietes (as perseguições) a los movimientos surgidos en las favelas son parte de una misma estrategia policial. “Esto que pasa hoy (ocorre hoje) en Río es algo que viene aplicándose sistemáticamente, recordemos que ya en marzo hubo órdenes de detención masiva contra vecinos (moradores) de la favela Maré... es fundamental la unión de los sectores progresistas para decir un sonoro no a todo esto.”

“Recordemos que los basureros en huelga (os garis em greve) fueron criminalizados, los profesores (en paro – em greve) fueron criminalizados y ahora los manifestantes fueron criminalizados”, citó ayer el parlamentario del PT (disse ontem o parlamentar do PT).

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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