COMISSÃO DA VERDADE: PRÓXIMO PASSO SERÁ FAZER JUSTIÇA, DIZ MENICUCCI

Elza Fiúza / EBC
(Foto: Elza Fiúza/EBC)

Foi anunciada formalmente a continuação da batalha jurídica pelo fim da (auto) Anistia, em consonância com a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

O Brasil é o único país do Cone Sul onde nenhum militar foi processado por ter violado os direitos humanos durante os 21 anos de uma das ditaduras mais longas da região.

Por Darío Pignotti, Pagina12 - Brasília - reproduzido do portal Carta Maior, de 11/12/2014

Mais do que uma ministra do gabinete presidencial, Eleonora Menicucci de Oliveira é uma militante leal a Dilma, com quem compartilhou uma cela quando ambas combatiam a ditadura civil-militar, cujos crimes foram reconstituídos no relatório apresentado nesta quarta-feira (10) em Brasília pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).
 
“Todos estes volumes entregues pela Comissão deixaram a verdade descoberta, com a verdade por inteiro agora os órgãos da justiça farão o que deve ser feito... pode ser que depois a verdade chegue à justiça, não sei... é preciso ver”, argumentou Menicucci, ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, cautelosa, pouco tempo depois de concluída a cerimônia no Palácio do Planalto.
 
“O documento explicita a recomendação de tomar o caminho da justiça, algo que deverá ser feito pelos órgãos do Poder Judiciário, não é um assunto do Poder Executivo. Acredito que a sociedade vai pressionar para que se continue avançando”, continuou a funcionária em entrevista ao Página 12, minutos depois de encerrado o discurso de Dilma.  
 
Em seu pronunciamento, a presidenta destacou o significado de o Brasil contar com um tesauro do terror e adiantou que este documento marca o início de uma nova etapa: “vamos tomar nota das recomendações e das propostas da Comissão, das quais necessariamente surgirão consequências”.
 
Mas não fez nenhuma menção à possibilidade de abrir processos judiciais, para o que seria necessário derrubar a lei de anistia promulgada pelo regime em 1979, uma herança que faz do Brasil o único país do Cone Sul onde nenhum militar foi processado por ter violado os direitos humanos durante os 21 anos de uma das ditaduras mais longas da região.
 
“Nossa Comissão foi feita com solidariedade de todas as partes, devemos muito ao Chile, à Argentina, ao Uruguai... depois do fim das ditaduras, esses países estiveram diante de nós na criação das comissões da verdade. Os países vizinhos e irmãos são diferentes do Brasil. Aqui há outra lógica política”, avaliou a ministra com realismo.

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